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29/nov/2023
Kislev 16, 5784

Festas Judaicas (Chaguim)

Iom Kipur

Apresentação

Introdução

Os Dez Dias de Penitência culminam com Iom Kipur, o Dia do Julgamento. Observado no décimo dia de Tishrei com o dia mais sagrado do calendário judaico, ficou conhecido como Shabat Shabaton, o Sábado de todos os Sábados.

Origem

"E será um estatuto para sempre, entre vocês, que no sétimo mês, no décimo dia do mês, vocês deverão afligir suas almas, e não farão nenhuma forma de trabalho... Pois nesse dia, o julgamento será feito sobre vós, para limpar-vos de todos os seus pecados, vocês deverão estar limpos perante o Senhor. É um Shabat de descanso solene sobre vós..."
(Levítico 16:29-31)

"Vocês deverão afligir suas almas" é interpretado como dever de se abster de qualquer comida e bebida, através do jejum, neste dia.

Observância

A véspera de Iom Kipur, considerada um dia semi-santo, traz sentimentos mistos de alegria e solenidade.

Este dia é marcado por generosas doações: o dinheiro usado na cerimônia de kaparot, remanescente das oferendas nos tempos do Templo, é doado para a caridade. Kearot (pratos) são colocados na sinagoga, como lembrete da assembléia de congregantes nos serviços vespertinos, já coberto com os Talitot (mantos de oração).

Neste período, o perdão é buscado daqueles que possamos ter magoado ou ferido, tanto propositalmente quando inadvertidamente, e a paz deve ser estabelecida entre as partes.

A refeição anterior ao jejum é festiva. Ao terminá-la, o pai, ou os pais, abençoam seus filhos.

Uma vela de memória é acendida para durar as 24 horas do jejum, em memória aos já partidos.

Na sinagoga, é apropriado que os homens vistam-se com seus Kittel (vestimenta longa branca), com o talit como símbolo de pureza. Mulheres também costumam vestir-se de branco.

O Serviço Religioso

Kol Nidrei

O Kol Nidrei ("Todos as Promessas") é cantado no início do serviço da véspera de Iom Kipur. É um pedido de perdão formal por todas as promessas não cumpridas - especialmente aquelas feitas com força emocional - e portanto deve liberar a pessoa de suas promessas não cumpridas ou por negligência ou por esquecimento.

Esta absolvição das promessas se refere apenas às promessas que o indivíduo fez para consigo mesmo, e dizem respeito apenas a sua consciência e o julgamento celestial.

Nenhum juramento ou promessa envolvendo outra pessoa, corte ou comunidade é incluida no Kol Nidrei

Rezas de Penitência

Pedidos de perdão por seus pecados constituem a maior parte do ritual do dia.

No VIDUI ("Confissões"), pecados que o indivíduo pode ou não ter cometido são enumerados, sendo feitas por todo o Povo de Israel.

Além disso, de acordo com a tradição judaica, uma pessoa não é perdoada no Dia do Julgamento pelos pecados cometidos contra seu semelhante, a não ser que a pessoa se dirija diretamente aos envolvidos, para retificar a situação.

Yizkor

Serviços memoriais são conduzidos em memórias aos parentes mortos.

Neilá

Constitui o término do serviço do dia de Iom Kipur, e é repleto de solenidade e força. A Arca Sagrada permanece aberta ao longo deste serviço, e o dia santo termina com o toque do Shofat.

Iom Kipur - Perdão pelos Pecados
por Dvora Waysman
Serviço de Imprensa da Organização Sionista


O Iom Kipur é observado no décimo dia do mês hebraico de Tishrei, quando o destino do indivíduo pelo ano vindouro é, alegoricamente, "selado" no "Livro da Vida".

Somente os pecados entre o homem e D'us podem ser perdoados no Iom Kipur, e no fim do dia, os fiéis na sinagoga nada podem além de manter esperanças de que foram bem sucedidos e poderão ser perdoados por suas falhas, e que D'us foi realmente atingido por suas preces.

Pois neste dia o julgamento será feito sobre ti, para limpar-te de todos os seus pecados que podem ser limpos perante D'us.(Lev. 16:30)

Assim, foi instituido o Iom Kipur - o Dia do Perdão - a única festa judaica não relacionada a um evento histórico ou conceito agrícola. Os outros dias santos possuem um significado nacional possível de ser identificado até mesmo por judeus seculares.

Iom Kipur, entretanto, lida exclusivamente com as relações do homem com D'us e com seus semelhantes, e envolve muito 'contato' com D'us. Os dias imediatamente anteriores ao Dia do Perdão devem ser usados para que o homem peça perdão e faça as devidas restituições aqueles com quem este tenha falhado ao longo do ano.

A Natureza do Pecado

Em hebraico, há mais de 20 palavras diferentes relativas a "pecado," cada uma com uma conotação única, e aplicável somente em condições bem específicas. O termo rabínico mais comum para pecado é "averá" da raiz "avar" - "sobrepassar" e interpretada como uma perda do favor divino.

Os judeus acreditam que o pecado é causado por uma inclinação para o mau (yetzer hará), uma força que nos faz agir irresponsávelmente e sem medir as consequências.

D'us disse (Kid. 30b): "Meus filhos? Eu criei o Ietzer HaRá, mas como criei a Torá como seu antídoto: Se você se ocupar com a Torá, não se inclinará para o lado do mau."

Rabi Ishmael ensinava:

"Meu filho, se este sentimento repulsivo (i.e., o Ietzer HaRá) te atacar, leve o para a casa da sabedoria; se ele for pedra, se dissolverá; se for ferro, se quebrará em pedaços." (Kid. 30b).

Livre Arbítrio

É um princípio básico do Judaísmo, desde a primeiro acontecimento no Gênesis, no qual Adão e Eva têm a opção de aceitar ou rejeitar o mandamento de D'us.

O grande estudioso Judeu da Idade Média, Maimônides escreveu:

"Todo homem tem potencial se de se tornar tão justo como Moisés, nosso professor, ou tão amaldiçoado como Jeroboão; sábio ou estúpido; bondoso ou cruel; miserável ou generoso..."(Yad, Teshuva 5)

Isto contradiz uma popular expressão em Yidish, que diz deposita todos os acontecimentos da vida como "beshert" ou predestinados.

O Judaísmo ensina que somos todos capazes de dirigir nossas próprias vidas, de escolher o caminho da retitude, ou seu oposto, o caminho do pecado.

Jejum e Oração

Ainda assim, durante as Grandes Festas, recitamos uma reza que aparentemente contradiz a suposição acima:

"No ano novo, ele (i.e., nosso destino) é escrito, e no Dia do Julgamento, é selado... quem deverá viver, e quem deverá morrer, quem deverá aproveitar ao máximo seus dias, e quem falecerá antes disso..."

Alguns rabinos defendem que isto é uma meditação mais que uma reza, cujo objetivo é ajudar o judeu a entender o auge das inspirações exortadas em Iom Kipur, "Mas a penitência, oração e caridade advertem o severo decreto!"

Apesar de nossas ações poderem merecer punição, podemos ainda escolher o caminho do arrependimento até nossa última hora na Terra, como dizem as escrituras sagradas.

Em Israel

Em Israel, Iom Kipur possui um significado espiritual ainda maior. Em Jerusalém, em particular, não são vistos carros nas ruas durante todo o período de jejum.

O mais convicto dos seculares respeita a santidade deste dia.

Como a escuridão desce neste longo período de jejum e oração, os Judeus continuam a encher suas sinagogas, enquanto as ruas de Jerusalém se enchem de gente indo para o lugar mais sagrado da cidade, o Muro Ocidental. O toque final do Shofar rende tanto a escuridão da noite quanto a alma judaica, e, o Povo de Israel, está ciente da profecia de Isaias para com os que vivem no exílio:

"E virá o dia, no grande toque do Shofar, e virão para a terra perdida para os Assírios."(Isaias 27:13)


Fonte: Central Pedagógica da Sochnut