2017 está terminando. Mais uma vez fazemos uma retrospectiva do ano que passou e realizamos planos para o ano que se iniciará.

O povo judeu tem seu próprio ano novo que comemoramos com maçã, mel, cabeça de peixe, shofar e muita oração. No entanto, vivemos em um mundo que comemora a renovação na passagem de 31 de dezembro para 1º de janeiro. Mesmo que quiséssemos não poderíamos assinar um cheque e escrever: São Paulo, 5 de tevêt de 5778 ou trabalhar no primeiro dia de janeiro como se nada estivesse acontecendo.

Mesmo que não pulemos sete ondas ou estouremos uma garrafa champanhe, somos contagiados pelo clima desta época do ano. Nós judeus também avaliamos o ano que passou e realizamos planos para o ano que ainda não se iniciou.

Assim, assumimos compromissos com nós mesmos. No próximo ano vou fazer mais esportes, ler mais livros, dedicar mais tempo para a família, tomar menos refrigerante, viajar mais, trabalhar um pouco menos, ser mais agradecido pelo que tenho, entre outras promessas.

Na parashá desta semana, Vaigásh, Iossêf vê seu sonho de infância se tornar realidade. Quando era pequeno, José sonhou que um dia o sol, a lua e onze estrelas se curvariam para ele. De fato, no trecho que leremos na sinagoga, seu pai e seus onze irmãos reverenciam Iossêf por salvar as suas vidas acolhendo-os no Egito.

O sol é Jacó, o pai. As onze estrelas são os irmãos. Mas onde estava a lua? Raquel já tinha falecido e não participou da materialização do sonho de José. Acredito que esta narrativa traz duas importantes lições. A primeira é que sonhos tornam-se realidade. A segunda é que o resultado nunca é idêntico àquilo que tínhamos planejado.

Nesta época em que assumimos compromissos em relação ao ano que vai se iniciar, lembremos a lição de José. Sonhos tornam-se realidade, por isto vale à pena sonhar. Ao mesmo tempo, sejamos flexíveis para comemorar uma realização mesmo que ela não seja exatamente da maneira que a planejamos.

Que sejamos todos sonhadores flexíveis.

Shabat Shalom.
Rabino Michel Schlesinger.